Democratas devem lutar pelos direitos do homem, diz Lewandowski

Confira a programação da Rádio Justiça para esta terça-feira (2)
1 de abril de 2019
Júri não pode ser convocado com base em relato preliminar, diz STF
IR incide sobre juros em pagamentos acumulados a servidores
1 de abril de 2019
Exibir tudo
Democratas devem lutar pelos direitos do homem, diz Lewandowski

A "desglobalização", alimentada pela crise econômica de 2008, é um terreno fértil para o surgimento de líderes conservadores, populistas e autoritários. Nesse cenário, os verdadeiros democratas devem lutar para afirmar os direitos do homem, garantidos pela Constituição brasileira.

Para Ricardo Lewandowski, é necessário proteger os direitos fundamentais.
Nelson Jr. / SCO STF

É o que disse o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, nesta sexta-feira (29/3). Ele lecionou na Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Lewandoswki afirmou que, após o Iluminismo, visões sistêmicas e cientificistas da realidade começaram a surgir. Nesse contexto, Karl Marx, na política, Charles Darwin, na biologia, Sigmund Freud, na psicanálise, Albert Einstein, na física, e John Maynard Keynes, na economia, apareceram. No entanto, essas visões sistêmicas foram substituídas no mundo pós-moderno do século XXI.

"O modo de ser pós-moderno alimenta uma forte suspeita contra verdades estabelecidas e um profundo ceticismo sobre teorias científicas ou pensamento racional. A sabedoria antiga, secularmente construída, é substituída por uma visão fragmentada e efêmera do mundo, não raramente fundada em meras suposições, preconceitos. ou opiniões ", disse o ministro.

Nesse cenário, as pessoas começaram a adotar, "de forma totalmente acrítica, valores artificiais, meras modas, que têm sucesso de maneira frenética e fugaz", disse Lewandowski. Ele também enfatizou que a comunicação instantânea, através da internet e das mídias sociais, "aumenta a absorção desses idiomas e a difusão de notícias falsas".

Com a crise econômica de 2008, disse o magistrado, os países começaram a proteger seus produtos e mercados, restringindo a entrada de imigrantes. Mas essas medidas protecionistas, disse ele, eventualmente levaram ao declínio do investimento e do consumo, gerando desemprego, pobreza e exclusão social.

Um exemplo desse fenômeno, segundo Lewandowski, é o Brexit – deixando o Reino Unido da União Européia. Outra é "a retórica isolacionista, nacionalista e armamentista que domina o discurso do atual presidente dos Estados Unidos, reproduzido por outras potências".

Esse contexto, de acordo com o ministro do STF, é "um terreno fértil para o surgimento de líderes conservadores e populistas de vários matizes, especialmente da extrema direita". Citando o sociólogo jamaicano Stuart Hall, o magistrado disse que o mundo está caminhando para um "populismo autoritário, apoiado em profundas desigualdades, aversão aos diferentes, fantasmas do crime ou terrorismo e outros males, estimulando o racismo, o sexismo, a homofobia e a xenofobia". "

E isso poderia gerar um novo apartheid, disse Lewandwski, mencionando o filósofo camaronês Achille Mbembe. Esse sistema promoverá a separação social, militarizará as fronteiras e aumentará a repressão policial, com "danos muito sérios à democracia". Neste cenário, advertiu o ministro, cabe aos democratas lutar pelos direitos humanos.

"Acontece que a democracia, hoje, além das ideologias, partidos políticos, formas de governo, sistemas eleitorais representa, nos moldes dos quais adverte Norberto Bobbio, a realização dos direitos fundamentais em suas várias dimensões ou gerações. Os verdadeiros democratas, hoje, dão efeito a direitos humanos, incorporados em nossa Constituição e tratados internacionais, com persistência e coragem. "

é o correspondente da revista Conselheiro legal no Rio de Janeiro.

.

Deixe um comentário