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No início de fevereiro, um golpe é lançado na República da União de Mianmar. A derrota eleitoral é atribuída a desvios de procedimento. A suposta fraude engendra um discurso vazio e desprezível, a fim de sustentar um governo autocrático.

Nenhum golpe, em nenhuma circunstância, émal necessário. O golpe é sempre um mal. As emergências e crises devem ser resolvidas dentro da democracia. As violações dos direitos humanos e as afrontas às garantias fundamentais devem ser investigadas e decididas na legalidade democrática.

Parece que a não aceitação do resultado eleitoral em eleições normais e legítimas pode resultar em violência, mortes e ditadura. Atenção deve ser dada à militarização dos governos como um fenômeno altamente preocupante. O poder militar nas democracias deve estar sempre subordinado ao poder civil.

As eleições democráticas visam permitir que os conflitos sociais sejam processados ​​de maneira civilizada e pacífica. Também pretendem permitir que a sociedade dite livremente os caminhos de seu desenvolvimento. Fora da institucionalidade eletiva, a comunidade é exposta à violência e volta ao papel de unidade cativa de abuso e jugo. A política é traída, amputada em sua missão de reduzir o alcance do sofrimento humano.

O citado golpe, é preciso alertar, deve ser entendido dentro de um contexto. Em todo o planeta, a perversa desmoralização das eleições invade a espacialidade discursiva como parte de projetos que visam o colapso das democracias. Nesse contexto, os ataques à credibilidade das reivindicações despontam como estratégias coordenadas, destinadas a formar um caldo de cultura tendente a justificar, com a divulgação dos resultados, a recusa do julgamento coletivo.

O colapso da democracia, naquele norte, é semeado na pré-temporada do discurso. Na sombra das palavras está a sub-repetição. É preciso assistir.

Brasília, 2 de fevereiro de 2021.

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