Gervasio Baptista morreu na sexta-feira (5) de causas naturais, aos 95 anos, como fotógrafo do Supremo Tribunal Federal. É considerado por colegas, admiradores e autoridades um dos gênios da história do fotojornalismo brasileiro. "O trabalho de Gervásio representa uma grande contribuição ao fotojornalismo brasileiro ao registrar momentos históricos no país", afirmou o ministro Luiz Fux, durante a presidência do STF. Em tom de pesar, Fux salientou que Gervásio "deixa um legado que vai inspirar futuras gerações de fotógrafos".
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, também lamentou a morte, destacando a brilhante, longa e produtiva carreira do fotojornalista, e expressou suas condolências aos amigos e parentes de Gervásio Baptista.
Gervásio chegou ao Supremo Tribunal Federal para registrar os processos judiciais do dia a dia a convite do então presidente Carlos Velloso em 2001. No Supremo Tribunal Federal, permaneceu até sua aposentadoria em 2015 sob a administração do ministro Ricardo Lewandowski. No banco de imagens do portal do STF, há 4.473 fotos com referência a Gervásio Baptista, seja de suas imagens resgatadas ou de colegas que o fotografaram.
Foi homenageado em 2008 com a exposição "Gervásio Baptista: 50 Anos de Fotografia", que reuniu 45 fotos da sua respeitável carreira profissional. O homenageado destacou, entre fotos de tantas celebridades, a simplicidade de uma imagem feita no Recôncavo da Bahia. "Uma foto que considero curiosa é a que fiz em Santo Amaro da Purificação: bonde puxado pelo burro. Na terra de Caetano Veloso", disse Gervásio na época.
Carreira
Gegê ou Batistinha, como era carinhosamente chamado por seus colegas, também era conhecido pelo riso retumbante e pelo vasto repertório de piadas. Suas lentes registraram quase 60 anos da história do Brasil e do mundo. Ele fotografou os concursos populares Miss Brasil e Miss Universo por anos para as revistas O Cruzeiro e depois para a Manchete. Na editora da editora, Bloch, ele trabalhou da primeira à última edição que foi para as bancas.
Gervásio partiu de Salvador, Bahia, onde nasceu em 1923, e viajou o mundo com sua câmera. Cobriu a Guerra do Vietnã, os conflitos na Nicarágua, a Revolução Cubana em 1959, três das Copas do Mundo em que o Brasil ganhou (1958, 1962 e 1970), fez a foto lendária de JK levantar a cartola para o povo na inauguração de Brasília (1960) e a imagem enigmática do Presidente eleito Tancredo Neves durante a internação no Hospital de Base, em Brasília (1985).
Ele fotografou políticos, artistas, atletas, todos os presidentes brasileiros de Getúlio Vargas para Dilma Rousseff. Ele era o dono da credencial 001 do Palácio do Planalto, razão pela qual ele também era conhecido como "fotógrafo dos presidentes". Líderes estrangeiros como Fidel Castro e Che Guevara também foram vistos por sua câmera; a rainha da Inglaterra, Elizabeth II; os presidentes franceses Charles de Gaulle e os americanos Dwight Eisenhower, Richard Nixon e Ronald Reagan; e o argentino Carlos Menem. Gegê também trabalhou por três décadas na Agência Brasil (Radiobras), onde também se aposentou em 2015.
Amizade
"Fiquei profundamente comovido", disse o ex-presidente e ex-senador José Sarney, em luto pela morte de Gervásio Baptista. O profissional foi escolhido por Tancredo Neves como fotógrafo oficial da Presidência da República e acompanhou Sarney ao longo de seu mandato presidencial, de abril de 1985 a março de 1990. Para a Agência Brasil, Sarney destacou que Gervásio é um ícone do fotojornalismo brasileiro " uma geração pioneira que documentou os momentos mais importantes da vida política nacional. "" O Gervasio merecia o respeito de todos que moravam com ele. Com o tempo, desenvolvemos uma amizade e tive um grande carinho, carinho e respeito por ele ", afirmou. Sarney.
AR / EH
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