Por encobrir possíveis provas, o juiz federal Luiz Antonio Bonat, novo titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, manteve a prisão preventiva do ex-diretor de rodovias estatais de São Paulo (Dersa) Paulo Vieira de Souza, Paulo Preto. A informação foi divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Na decisão de segunda-feira (25/3), Bonat chamou a atenção para o fato de a Polícia Federal ter encontrado dezenas de cabos USB no dia da prisão de Paulo Preto, mas nenhum celular.
A pedido do Ministério Público Federal, foi autorizado a violar a confidencialidade telemática dos dados mantidos na nuvem do iCloud., dos endereços eletrônicos do ex-empresário, sua esposa e a empresa Magna Freitas Carvalho. Segundo a decisão, com isso, o MPF encontrou um número de telefone, ligado a Paulo Preto, que seria usado "pelo menos para a troca de mensagens" no WhatsApp. Além disso, o telefone teria se conectado à internet com Wi-Fi da casa do investigador três dias antes das buscas.
Assim, o juiz não aceita o argumento da defesa, que alegou "que o fato de que nenhum dispositivo celular foi encontrado não pode ser interpretado contra o investigado e que a tese do MPF seria especulativa". O magistrado disse que os elementos do MPF demonstram que o ex-diretor da Dersa tinha celular. "Isso soa estranho e aponta para encobrir eventuais provas, em detrimento da investigação criminal", disse ele.
Bonat vê um claro risco para a ordem pública e a aplicação do direito penal, ressaltando que Paulo Preto "se beneficiaria de vantagens indevidas, bem como de um braço financeiro do Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht".
"Esse risco é exacerbado pelo fato de que esses valores não foram recuperados e depois de transferidos para as Bahamas não foi mais possível rastreá-los. Há uma circunstância significativa relacionada a transferências para as Bahamas, consistente com o contexto em que estavam realizado, e que reforça o risco para a aplicação do direito penal ", disse ele.
Histórico
Nomeado como o operador do PSDB, Paulo Preto foi preso em 19 de fevereiro, por suspeita de participar do esquema da Odebrecht para pagar propinas a políticos por meio de operadores financeiros e contas no exterior. A decisão que decretou o preventivo utilizado como justificativa 2017 movimentos.
Em seu pedido de liberação provisória, a defesa argumentou que a única base da decisão era o risco de transferir contas para o exterior. Ele também sustentou que o decreto da prisão era abstrato, que não há contemporaneidade dos fatos e que não há risco de nova conduta delinqüente.
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