As repetidas defesas do golpe militar de 1964 pelo presidente Jair Bolsonaro foram denunciadas às Nações Unidas nesta sexta-feira (29/3). O Conselho Federal da OAB e o Instituto Vladimir Herzog apresentaram uma queixa contra a ONU contra atos de "glorificação" da ditadura pelos ex-militares.
As entidades pedem a abertura de um procedimento pela comissão brasileira na ONU em Genebra para acusar Bolsonaro com explicações sobre seu apoio ao regime ditatorial que durou no Brasil de 1964 a 1985.
No próximo domingo, 31 de março, 55 anos da tomada militar no Brasil, o início dos "anos de chumbo" será concluído. O regime durou 25 anos.
Na aplicação, para o qual o Com júri As entidades ressaltaram que, durante três décadas, a posição de Bolsonaro como parlamentar era contra os direitos fundamentais, especialmente em relação ao período ditatorial. Eles citam como exemplo a "glorificação chocante" que Bolsonaro fez ao Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra durante o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e também o cartaz que ele mantinha na entrada de seu escritório zombando da busca por corpos das vítimas na Guerrilha. do Araguaia, dizendo: "quem procura ossos é um cachorro".
A principal queixa das instituições é que agora, como presidente, Bolsonaro tenta "modificar a narrativa sobre o golpe de estado", principalmente por meio de instruções do porta-voz da presidência. Eles dizem que o governo de alto escalão, composto em grande parte por militares, tenta "transmitir uma mensagem positiva sobre o período, desconsiderando as atrocidades cometidas pelo respectivo regime". "A glorificação do regime de terror não encontra abrigo no Estado Democrático de Direito, especialmente em nosso país que tem Constituição democrática e é signatário de vários tratados internacionais de direitos humanos", afirmam.
Além disso, dizem que usar a máquina pública para "defender e celebrar as atrocidades caracteriza uma violação dos tratados que o Estado brasileiro aceitou para retornar à democracia". O documento indica possível improbidade administrativa e violação do artigo 5 da Constituição.
No documento, as organizações ainda pedem à ONU que expresse suas opiniões sobre "a importância do direito à memória sobre as atrocidades ocorridas durante o regime militar (1964-1985) e para evitar uma tentativa de revisionismo".