Mais de mil ações judiciais envolvendo o Tesouro Nacional deixaram de ser processadas no Superior Tribunal de Justiça (STJ) em pouco mais de dois meses da parceria entre as duas instituições para reduzir o número de recursos na execução fiscal.
O presidente do Supremo Tribunal, ministro João Otávio de Noronha, elogiou o resultado e disse que iniciativas como essa contribuem para a capacidade do órgão de se concentrar em julgar casos complexos e de grande repercussão econômica para os contribuintes e para a própria União.
"Tal atitude era inimaginável há uma década. É muito bom ver a mudança na cultura organizacional, juntamente com os avanços tecnológicos, permitindo a otimização do tempo de todos", disse ele.
Depois de definir certos parâmetros legais, o STJ mapeia os casos em que a Procuradoria Geral da Fazenda Pública (PGFN) é a parte recorrente no tribunal, buscando identificar demandas repetidas e questões legais com a jurisprudência pacífica, entre outras. critério.
O resultado é encaminhado para a análise da PGFN, que requer a dispensa de processos que discutam créditos considerados de baixa recuperabilidade – valores da dívida ativa com Avaliação C ou D, isto é, com pouca chance de ser efetivamente recebido.
A parceria busca atingir os objetivos de ambas as instituições: reduzir a arrecadação de processos é uma prioridade da atual gestão do STJ, e otimizar os processos de fiscalização é uma das formas de tornar a gestão pública mais eficiente.
O presidente do STJ lembrou que o processamento em massa de processos sem a adoção de critérios racionais, além de congestionar o Judiciário, traz prejuízos à administração pública e à sociedade.
Para o ministro, a atual iniciativa representa a superação da cultura de sempre recorrer a todos os processos, mesmo aqueles com pouco benefício econômico ou sem a perspectiva de resultados efetivos.
O advogado de Finanças José Péricles Pereira de Sousa, coordenador dos processos judiciais perante o Supremo Tribunal Federal, comentou que há casos em que o Tesouro levaria até 15 anos para recuperar o crédito, e outros em que o credor já faliu há muito tempo. . justifique desistir. Nessas hipóteses, a estratégia da PGFN é buscar satisfação de crédito por outros meios.
Segundo o promotor, a parceria com o STJ é apenas o primeiro passo no esforço para otimizar o trabalho da PGFN nos tribunais superiores.
Espera-se que, nos próximos meses, esse trabalho conjunto do STJ e PGFN renderá mais frutos, com o mapeamento de outros casos que podem desistir. O tribunal está desenvolvendo novas metodologias para identificar e agrupar casos com o mesmo tema legal e deve encaminhar este trabalho para a equipe de advogados do Tesouro Nacional. O objetivo é dobrar os números já alcançados.
O ministro João Otávio de Noronha informou que o tribunal pretende discutir esse tipo de iniciativa com outros órgãos e entidades, além de aprofundar a parceria com a PGFN. Na última semana de julho, técnicos do STJ e da Procuradoria Geral da União (AGU) se reuniram para discutir a expansão da parceria para outros dois braços de defesa pública – a Procuradoria Geral da União (PGU) e a Procuradoria Geral da República. Escritório. (PGF).
Os primeiros resultados dessa nova frente podem ser vistos em breve e devem ter repercussões nos processos União e INSS – respectivamente, segundo e terceiro maiores demandantes em juízo.