O presidente do Supremo Tribunal, ministro Dias Toffoli, disse no sábado (6) que o Tribunal desempenhou um papel importante na garantia da estabilidade institucional do país, especialmente depois de sua redemocratização e de seu regime militar de 24 anos. Toffoli participou do "O Papel do Supremo Tribunal Federal", mediado pelo jurista Oscar Vilhena e com a participação da senadora Kátia Abreu, noConferência Brasil 2019na Universidade de Harvard (EUA). "Se chegássemos aqui e o povo pudesse escolher seus representantes para deputado, senador, governador e presidente da República, foi graças ao Supremo Tribunal Federal", afirmou.
Segundo o presidente, a instabilidade social e política vivida no Brasil a partir de 2013 deve ser vista naturalmente dentro do Estado Democrático de Direito. Após as crises dos primeiros governos pós-redemocratização, Toffoli observa que os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva foram períodos de estabilidade política e econômica que trouxeram novos atores sociais e uma nova classe média. Com a crise econômica surgindo no primeiro governo de Dilma Rousseff, as pessoas começaram a ir às ruas para exigir melhores serviços. "As eleições ferozes de 2014 foram o ovo da cobra do ódio que não podemos deixar entrar na nossa sociedade", disse ele. "Esse discurso dos nodos contra eles veio de 2014, dos dois grupos que chegaram ao segundo turno."
A partir de 2015, o foco voltou-se para as denúncias de corrupção, que levaram o Legislativo e o Executivo a uma grave crise de representatividade e um grande questionamento por parte da sociedade. Toffoli citou oimpeachmentde Dilma Rousseff, Operação Lava-Jato, prisão de Lula, denúncias contra Michel Temer e as questões sobre as eleições de 2018. "Todos esses casos foram aprovados pelo Supremo Tribunal Federal", lembrou ele.
Ativismo
Em relação às críticas ao suposto ativismo do STF, lembrado pela senadora Kátia Abreu, Toffoli explicou que a Constituição de 1988, ao abraçar uma série de direitos e garantias, também criou instrumentos e ferramentas processuais "nunca vistas", para garantir sua efetividade. Entre eles, ele mencionou o escopo do Ministério Público, "com poderes para provocar o Judiciário em questões como cultura, patrimônio, meio ambiente, minorias, discriminação, não apenas questões criminais". Todas essas questões acabam no STF.
"Nós não acordamos de manhã e decidimos tentar um caso. Eles estão lá", ressaltou. "O Judiciário não age no poder e devemos julgar." Toffoli defende o fortalecimento de outras instâncias de mediação e resolução de conflitos. "A sociedade precisa se regular, e o judiciário deve ser a última alternativa, porque o sistema processual é complexo e consome tempo".
CF / EH
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