O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro João Otávio de Noronha, afirmou nesta sexta-feira (16) que é necessário discutir o modelo suplementar de saúde adotado atualmente no Brasil. "Esse modelo, a economia brasileira não suporta. O modelo é muito caro", afirmou.
Noronha participou na manhã de IX Congresso Jurídico de Saúde Suplementarem Brasília. "Matemática dos planos de saúde" foi o tema debatido pelo presidente do STJ e pela professora Luciana Yeung, do Instituto de Educação e Pesquisa (Insper). O mediador do painel foi o superintendente executivo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), José Cechin.
Para o presidente do STJ, é necessário distinguir o impacto de uma decisão tomada em um tribunal do impacto que o sistema legal tem sobre a economia. "Quando começamos no Judiciário a condenar a operadora a prestar serviço ao usuário que não pagou o plano, estamos colocando em risco todo o sistema e aumentando o custo do serviço", explicou.
Noronha apresentou o modelo que foi utilizado para reestruturar o plano de saúde do STJ, o Pró-Ser – que inclui funcionários ativos e aposentados (e seus dependentes) e os ministros – como exemplo de boa gestão e um caso de matemática aplicada para equilibrar as reservas financeiras .
"No STJ, estudos identificaram uma tendência de queda na fonte de financiamento: salários praticamente congelados – com a contribuição do plano sendo um percentual do salário, então com os salários congelados não temos aumento de receita – mas aumentando as despesas, porque a inflação hospitalar é muito maior do que a inflação normal ".
Segundo o ministro, os números mostram que a decisão de reestruturar o Pro-Ser foi acertada, criando um fundo de emergência para garantir que continue servindo com excelência, resolvendo os problemas decorrentes do excesso de gastos.
"Nós agimos de forma inteligente. Definimos um teto para a contribuição. Limitamos a responsabilidade do funcionário a US $ 15.000. Com isso, conseguimos parar o déficit do seguro de saúde e, ao mesmo tempo, impedir uma retirada em nossas reservas. ," ele explicou.
De acordo com Noronha, uma revisão geral do plano do STJ teve que ser feita, já que as despesas estavam crescendo mais sistematicamente do que as receitas. Além disso, a população está envelhecendo, exigindo cada vez mais serviços médicos.
"Nosso objetivo era garantir a continuidade e a sustentabilidade do Pro-Ser dentro da atual realidade orçamentária", concluiu.